quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Vida e Obra de Jorge Amado

Nascido em Itabuna, Bahia, no dia 10 de agosto de 1912, Jorge Amado passou a infância na cidade de Ilhéus, onde presenciou a luta entre fazendeiros e exportadores de cacau, inspiração para vários de seus livros. A partir de 1930, na cidade do Rio de Janeiro, começou a estudar direito e a lançar romances. As obras eram marcadas pelo realismo socialista: se passavam nas plantações de cacau do sul da Bahia ou na cidade de Salvador e mostravam os conflitos e as injustiças sociais. ‘O país do carnaval’ (1932), ‘Cacau’ (1933), ‘Suor’ (1934), ‘Jubiabá’ (1935), ‘Mar morto’(1936), ‘Capitães de areia’ (1937), ‘Terras do sem fim’ (1942), ‘São Jorge dos Ilhéus’ (1944) e ‘Os subterrâneos da liberdade’ (1952) fazem parte da leva. Nessa primeira fase, seus livros eram considerados documentários dos problemas brasileiros causados pela transição de uma sociedade agrária para industrial.
Eleito deputado federal pelo Partido Comunista Brasileiro em 1945, teve seu mandato cassado como os de todos os membros da mesma agremiação. Viajou então pela Europa e pela Ásia e voltou ao país em 1952. Quatro anos mais tarde, fundou o semanário ‘Para todos’, sendo eleito para a Academia Brasileira de Letras em 1961.
A segunda fase de sua obra começou com o lançamento de ‘Gabriela, cravo e canela’, em 1958. Seus textos passaram a se caracterizar pelas sátiras e pelo humor. Nela ainda foram publicados sucessos como ‘Dona Flor e seus dois maridos’ (1966), ‘Tenda dos milagres’ (1969), ‘Teresa Batista cansada de guerra’ (1973) e ‘Tieta do Agreste’ (1977), entre outros. Jorge Amado escreveu ainda ‘O mundo da paz’ (1950), um relato de viagem, ‘Bahia de todos os santos’ (1945), um guia da cidade de Salvador, ‘O cavaleiro da esperança’ (1945), a história de Luis Carlos Prestes, e ‘ABC de Castro Alves’ (1941), uma biografia de Castro Alves. Aos oitenta anos de idade, em 1992, publicou ‘Navegação de cabotagem’, um romance autobiográfico. Vários de seus trabalhos foram adaptados para rádio, cinema e televisão e foram traduzidos para mais de trinta idiomas, o que lhe rendeu inúmeros prêmios. Em 1979, casou-se com a também escritora Zélia Gattai. O escritor publicou inúmeras obras: 25 romances; dois livros de memórias, duas biografias, duas histórias infantis e uma infinidade de outros trabalhos, entre contos, crônicas e poesias. Faleceu em Salvador no dia 6 de agosto de 2001. obras
O País do Carnaval (1932)
Cacau (1933)
Suor (1934)
Jubiabá (1935)
Mar Morto (1936)
Capitães da Areia (1937)
A Estrada do Mar (1938)
ABC de Castro Alves: louvação (1941)
Brandão entre o Mar e o Amor (1941)
O Cavaleiro da Esperança: Vida de Luís Carlos Prestes (1945)
Terras do Sem Fim (1942)
O Amor de Castro Alves: história de um poeta e sua amante (1944)
São Jorge dos Ilhéus (1944)
Bahia de Todos-os-Santos: guia das ruas e dos mistérios da Cidade de Salvador (1945)
Seara Vermelha (1946)
O Mundo da Paz (1950)
Os Subterrâneos da Liberdade (1952)
Gabriela, Cravo e Canela (1958)
O Amor do Soldado (1958)
A Morte e a Morte de Quincas Berro d'Água (1959)
De como o Mulato Porciúncula Descarregou seu Defunto (1959)
Os Velhos Marinheiros (1961)
Os Pastores da Noite (1964)
Dona Flor e Seus Dois Maridos (1966)
Tenda dos Milagres (1969)
Teresa Batista Cansada da Guerra (1973)
O Gato Malhado e a Andorinha Sinhá: uma história de amor (1976)
Tieta do Agreste (1977)
Farda, Fardão, Camisola de Dormir (1979).

TIETA OBRA DE JORGE AMADO

Tieta do Agreste - Tieta, the Goat Girl - Em 1971, Jorge Amado publicou o romance Tieta do Agreste. Profundamente marcado pelas preocupações ambientalistas que tomaram ímpeto na década de 1970, o autor faz surgir nessa obra a ameaça que nessa década sofria a costa da Bahia. Essa ameaça margeia toda a ação e traz a marca do autor: a preocupação e engajamento para com as causas sociais. Se por um lado o discurso governamental da ditadura militar que vigia no país na década de 1970 cantava em prosa e verso as maravilhas do progresso e a implantação de indústrias de base por todo o Brasil, por outro, os ativistas da causa da preservação do meio-ambiente alertavam para os riscos da poluição e dos dejetos industriais lançados sem tratamento à terra, ao céu e ao mar. Esse contexto é o pano de fundo no qual se desenrola toda a ação da heroína Tieta. Assim como a Bahia do mundo real se via ameaçada pelos metais pesados da indústria petroquímica que lá se instalava, a Bahia da ficção de Jorge Amado se via ameaçada pela também fictícia indústria Brastânio. Essa localidade fictícia, Mangue Seco, na qual a protagonista nasceu e foi criada, recebe ao mesmo tempo duas chegadas ilustres. A do staff da Brastânio e a de Tieta, que ainda moça, por seus modos no amor e na paixão, tivera que se retirar da cidade. Tieta, praticamente expulsa da cidade, retorna como uma bem sucedida empresária que venceu na grande cidade de São Paulo. Resguardado para momento chave da narrativa está o exato ramo de negócios ao qual a empresária dedicava-se. Os amores antigos de Tieta, os novos que vão surgindo, as verdadeiras amizades que ressurgem a apoiá-la e os amigos de ocasião, interessados em usufruir de seu dinheiro e prestígio, os políticos tradicionais da cidade e as novas lideranças que surgem nesta situação específica, desfilam lado a lado, levando o leitor à simpatia para com uns e ao verdadeiro asco para com outros. Tudo isso ocorrendo ao mesmo tempo em que na pacata localidade litorânea de Mangue Seco vão surgindo problemas políticos e sociais que até ali não eram de sua alçada. Essa é a ambientação do romance: bem humorado e socialmente engajado. O autor conduz o leitor, de maneira leve e interessada, até a última linha de seu trabalho.